Depoimentos registrados em vídeo, áudios, textos e fotografias, frutos de uma pesquisa cultural acerca da prática do artesanato realizada por mulheres no Estado, deram origem ao site Mulheres que Tecem Pernambuco, projeto cultural incentivado pelo Governo do Estado de Pernambuco por meio do edital Funcultura Geral 2015/2016. O lançamento do plataforma virtual com histórias de mulheres reais ocorrerá no próximo sábado (14), às 14h, no Centro do Artesanato de Pernambuco, situado no Marco Zero. 

As narrativas políticas e criativas das Mulheres que Tecem Pernambuco são apresentadas a partir de suas próprias falas, em primeira pessoa. É o caso de Risolange Rodrigues, presidenta da Associação das Tapeceiras de Lagoa do Carro, a ASTALC, e gestora pública de turismo no município: “Aí, quando eu fui morar nessa outra rua todo o quarteirão produzia tapete. Vila Luiz Otávio Guerra e todo mundo chamava de Vila. Na Vila eu conheci o artesanato. Lá eu tive a oportunidade de ver o tempo todo as pessoas produzindo. Porque eram as mães ensinando para as filhas, pelo fato de Lagoa do Carro ser muito pobre. Lagoa do Carro ainda é uma cidade pobre, mas na época era bem paupérrima”, discorre.

As pesquisadoras realizaram 18 entrevistas nos municípios pernambucanos de Lagoa do Carro (Zona da Mata Norte), conhecido por sua Tapeçaria; Poção (Agreste Central), onde pratica-se a tradicional Renda Renascença, e por fim a tecelagem em Tacaratu (e seu distrito Caraibeiras, no Sertão Itaparica). “Conversamos com mulheres que fazem o artesanato atualmente ou que já fizeram no passado, que tem esse ofício como principal ou complementar à sua renda, ou que fazem as práticas têxteis em seu cotidiano sem comercializá-las”, descreve a idealizadora e pesquisadora Clara Nogueira, que viajou pelas cidades com a psicóloga Luiza Maretto, na companhia da fotógrafa Laís Domingues. 

A história oral dos municípios de Três Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco se revelou nos diálogos entre as pesquisadoras e as mulheres. Neste sentido vieram à tona as faces do Artesanato de Pernambuco bem como suas respectivas relações de gênero e trabalhistas, esbarrando-se na realidade socioeconômica do Estado. A intenção é que a plataforma de divulgação de informações seja atualizada no próximo ano, trazendo mais mulheres, especificidades têxteis e territórios.  

Texto: Kalor Pacheco l Foto: Laís Domingues

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